Explodido - "Viver depois de ti", de Jojo Moyes

Leitura: 9 a 15 junho de 2013 
Páginas: 424
Editora: Porto Editora
Sinopse: aqui
  
Tiro opinativo

Fui motivado para ler este livro por causa de um personagem que ficou tetraplégico depois do acidente: Will Traynor. O meu primeiro pensamento foi: Como é ser tetraplégico? Será que é possível uma mulher amar um homem neste estado? Leio tudo o que envolve a deficiência à procura de respostas e de possibilidades. Comecei este com elevadas expectativas de que o Will seria como o Christopher Reeve, e cheguei ao final do livro, bastante indisposto e abalado. Toca um tema extremamente forte e controverso! 

Admirei o que o Will fez à Louisa, uma rapariga especial que inicialmente não tinha ambições nem qualificações profissionais, a despertar-se de si própria e levando-a para novos horizontes da Vida. Foi o amor mais puro que ele soube lhe dar, este amor que irá encantar e derramar lágrimas às mulheres. 

Contudo, achei este homem fraco e cobarde. Não sou contra a decisão de cada um para este fim. Cada pessoa pode fazer o que muito bem lhe convier. E compreendo que é bastante limitado e extremamente doloroso. Mas tudo tem uma razão para acontecer e só cabe a Deus nos levar quando tivermos a missão cumprida aqui na Terra. 

Não achei este livro uma lição de vida, mas sim de derrota (refiro-me ao próprio Will, e não à Louisa). 

Este livro não tem classificação, uma vez que eu dou pela Louisa, uma classificação de ouro (5 estrelas) e pelo Will, uma classificação de lixeira (2 estrelas). 

«Duas pessoas que não deveriam ter-se conhecido e que não gostavam muito uma da outra quando se conheceram, mas que descobriram que eram as únicas pessoas no mundo que se podiam compreender mutuamente.» 

7 comentários:

  1. Curioso! Hoje estive com este livro nas mãos, prestes a dar-lhe um novo lar (a minha estante)..... mas num último impulso resisti, pelos vistos, a escolha foi acertada!
    Aprecio o teor emocional com que impregna as opiniões literárias, revela muita sensibilidade.
    Boas leituras!

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  2. Li este livro no mês passado e apesar de na altura em que somos confrontados com a decisão de Will sentir um gosto amargo acabo por o compreender. Em parte devido ao trabalho no qual me encontro inserida, em parte por o meio familiar. Trabalho numa IPSS há 9 anos, há 9 anos conheci uma das nossas utentes já acamada há alguns anos,sem falar, sem comunicar, uns dias melhor, outros bem pior, com escaras de nos fazer perguntar como é que o corpo humano aguenta... há anos que ela vive assim, dia após dia,deitada para um lado ou para o outro mas sempre dependente de terceiros, pode estar a dormir descansada e de repente alguém a levanta, alguém decide que está na hora de tomar banho, mudar a fralda, comer... é simplesmente horrível. Tentem fazer este exercício, sentem-se na cadeira ou banco mais desconfortável que tiverem em casa, e deixem-se ficar quietos, na mesma posição, durante 15 minutos, depois imaginem PARA SEMPRE! A medicina tem encontrado formas de apenas prolongar a permanência de nossa alma no nosso corpo, independentemente de como isso nos irá afetar a própria alma!

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    1. Eu não poderia pensar num argumento melhor para defender a posição do Will. Acho que no lugar dele eu faria o mesmo. Geralmente tendemos a julgar facilmente estas situações não só por estarmos de fora mas tb por estarmos a ler ficção, mas eu vejo a coisa de um ponto de vista diferente por vários motivos. Trabalhei com deficientes por vários anos e um deles estava entrevado numa cadeira de rodas desde sempre. Cresceu numa cadeira de rodas. Nunca falou, estava sempre a apanhar pneumonias, tinha malformações internas e externas, malformações orais que não lhe permitiam comer normalmente, tinha que ser tudo em papa. Tinha imensos problemas de pulmões pelo que passava o dia a libertar expectoração (e isto era o seu estado normal, não era algo transitório). No fundo a criança era um vegetal. Parte o coração ver um ser humano tão pequeno que nunca soube o que era brincar ou simplesmente articular umas palavras e que só conheceu a dor. Óbvio que esta criança não tinha poder de decidir sobre a própria vida mas com certeza se tivesse o que escolheria ela? temos dúvidas?

      Tb vi o meu sogro definhar até morrer durante o sono, sozinho, sem se ter despedido de ninguém. Será que optar pela eutanásia será tão mau diante deste tipo de cenários? como podemos julgar? eu não posso.

      É como dizes. Não são 15 minutos. É a vida toda.

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  3. Eu tenho este livro para ler, mas vou dar-lhe tempo...

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  4. Anónimo12/7/13

    Concordo plenamente com a Cle e a Carla.
    É tão fácil julgar as situações quando se "está de fora", quando só se imagina o tormento de ser paraplégico. A realidade, porém, é muito mais amarga. Ter força pelas dores dos outros é muito fácil... de fora, somos todos um poço de coragem e determinação.
    Estar amarrado a uma cama, sem ter controlo sobre os próprios gestos e a própria vida, é um suplício imenso, tanto físico como psicológico.
    Se alguém nessas condições, ou noutras igualmente dolorosas, escolher terminar a sua vida, é uma escolha digna. Tão digna quanto a de optar por viver. Não nos cabe a nenhum de nós julgar.
    Ninguém tem o direito de chamar cobarde a alguém nessa situação; acho isso de uma insensibilidade atroz.

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  5. Anónimo23/7/13

    Compreendo o Will e entendo-o mt bem. Tenho 36 anos, E.M. diagnosticada à 2 anos, sou sócia da Dignitas há 1. Não me encontro deprimida, a fase da depressão já ficou lá para trás. O meu corpo já me vai abandonando, mas ainda tenho coragem e força para fazer algumas coisas que eu adoro, mas...quando o meu corpo me abandonar e a minha mente ficar fechada numa embalagem sem grande utilidade, estará na hora de fazer uma viagem. É muito fácil dizer que só Deus pode tirar a vida, mas nc fui uma pessoa de religião, aliás o meu sinónimo de fé é: acredita em ti mesmo. E foi com este pensamento que pontuei sempre a minha vida. Acredito que quando chegar a hora me irá custar horrores, mas pesando a balança, prefiro partir com dignidade e consciência que sou quem está a tomar a decisão. Ah e nunca me irei considerar cobarde, nem corajosa.

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    1. Respeito a sua decisão e o facto de não teres religião. Está certo de que não devo julgar as pessoas, se são cobardes ou corajosas, não são uma nem outra, simplesmente tomam as suas próprias decisões. Eu tenho fé em Deus e acredito na reencarnação. Todos estamos aqui para cumprir as nossas missões para a evolução espiritual. Deus sabe o que faz, tudo o que estamos a passar por aqui, tem a ver com vidas passadas. Que Deus te oriente e te dê forças na passagem da vida ao espiritual e o regresso à Terra para novas aprendizagens e crescente evolução espritual e sobretudo para perdoar e amar cada vez mais. Pense na Luz que te irá aquecer, pensa nos seres espirituais que te irão auxiliar e te dar forças. Pensa e terás uma sensaçao de Luz e Amor a preencherem-te.

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